"O segredo é não correr atrás das borboletas. É cuidar do jardim para que elas venham até você. " Mário Quintana

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Criação - Continuação

A extraordinária luz que brilhou sem parar por sete dias se extinguiu. E então, na ausência da luz, Adão entendeu que havia luz. Isso nos mostra o paradoxo da dualidade fundamental que traz a consciência. Adão mergulhou nas trevas. O sofrimento deve acompanhar estados de êxtase, de outro modo jamais entenderíamos o que é êxtase, assim como Adão soube que havia luz somente quando não havia luz. Seu sofrimento começou com a consciência.
Quando os opostos são separados, surge o espaço entre eles para nascer a consciência.
A criação só pode ocorrer no espaço criado pela separação. Em outras palavras, quando alguém se torna consciente é capaz de permanecer no espaço entre os opostos, capaz que conter e suportar a tensão entre eles. Essa é umas das principais tarefas da análise, separar o sujeito do objeto e deixar de viver em uma participação mística infantil com o mundo ao seu redor. À medida que ocorre a diferenciação entre o sujeito e o objeto, ocorre a percepção do ego e por conseguinte, de quem sou Eu.

C.G. Jung